sexta-feira, 23 de abril de 2010

Não vai mudar, não vai voltar.

"Quando você se tornou uma sombra do que já foi um dia;
quando suas esperanças morrem;
quando você percebe o que poderia ter feito diferente, mas nunca poderá fazer agora;
quando você quer mais do que tudo, apenas segundo do seu passado jogado fora,
só esse segundo para dar uma razão, um sentido novamente para o que você é;
talvez uma segunda chance para fazer tudo diferente;
talvez um recomeço;
mas nunca um final;
e então você percebe que é impossível;
é algo que não voltará;
e por mais injusto que tenha sido;
por mais vazio que seja agora;
não irá corrigir
talvez tudo fique apenas como está
e talvez tudo o que se tenha a fazer é seguir;
mesmo com uma certeza de que;
nunca mudará;
seu passado, nunca voltará."

Carlos Eduardo Rodrigues.

I think I will never let it die.



É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.

sábado, 17 de abril de 2010

Ei, você!

Eu fiquei aqui pensando no que te escrever. Na verdade, não é bem pra você, é pra mim. É pra sair um pouco do que tá preso aqui dentro, essas letras contidas em um copo que transborda pelos lados. Tou tentando arranjá-las em sílabas corretas, reorganizar o desorganizado. Talvez nem precisasse tentar traduzir isso, dói ainda, sabe? Aliás, dói demais. Sufoca. Não é aquele sufocamento que eu tinha te descrito há um tempo atrás. Existe uma diferença, aprendi. O de antes, era algo querendo sair, explodir. O de hoje, é o ar se esvaindo, se perdendo, agonizando. Mas você não tem absolutamente nada a ver com isso, não é mesmo? Só queres abrir essa porta e ir logo embora para o teu mundo. Eu acho que perdi o endereço da tua casa porque sempre chego uma rua antes ou na avenida posterior. Confesso que só aprendi as referências: a cafeteria perto, o banco do lado, a praça bonita, você nunca achou importante o fato de eu saber ou não chegar a sua casa, a sua cama. Me explica o que você acha importante quando a gente se encontrar um dia e der um tchauzinho meio de longe, com um sorriso aguado,por favor. Dois segundos, é tudo o que eu peço pra você. Apenas esses segundos para me explicar claramente o motivo de você ter me encontrado, ter alimentado a coisa mais bonita que já existiu em mim, me explicar o tempo. Conta, ou pelo menos inventa algo menos tosco do que as tuas mentiras diárias, o porquê você me escolheu, se é que isso foi uma escolha. Você sente falta de mim? E se por acaso sente, como é que passa com essa tua ausência, me ensina a fórmula? Me diz como amar de menos, sentir pouco e fazer outro acreditar na “intensidade” das frases.
Fico aqui pensando no teu rosto, me recrimino por deixar qualquer tipo de lembrança me invadir. Mas parece perseguição: as ruas ganharam o teu nome, as pessoas se multiplicaram, alguém coloca cartazes mostrando o quanto o meu peito aperta quando me vem algo seu. E eu não tou escrevendo nada disso para me lamentar, nem para te chamar de egoísta ou qualquer coisa do tipo. Não te quero mais. Eu vou engolir cada querer reprimido, você sabe. Por mais que minha alma trema toda vez que telefone toca e eu viva em constante alerta por sua causa, acreditando que tudo é ilusão e que você está me esperando na próxima esquina. Eu não vou ceder. Além do mais, você rasgou o seu texto, enterrou o seu personagem no meu palco, deu fim à peça. Ai, meu amor, por onde será que anda a nossa poesia silenciosa?
Cansei de dançar música lenta sozinha, talvez eu precise mesmo é de uma bossa. Algo para abrir os meus poros e solidificar as paredes. Te odeio por te amar demais, por te querer demais, por sair assim sem pedir licença e levar contigo as minhas certezas. Morro de raiva de você e, ao mesmo tempo, de amor. Morro de manhã e renasço à tarde.
Não quero mais, quero mais.

Agora, eu posso ir.